Pré e pós-operatório

A restrição da dieta é decorrente do tipo de anestesia, da doença e do
tipo de procedimento cirúrgico que será realizado. Em relação à técnica anestésica, qualquer procedimento cirúrgico, sob anestesia geral, deve
respeitar jejum mínimo de oito horas, para evitar estímulo à produção de
secreção gástrica e possibilidade de broncoaspiração, durante a indução anestésica ou a intubação orotraqueal. Operações, realizadas sob anestesiasubdural ou peridural, têm menor risco de cursar com esta complicação, e o jejum não precisa ser tão rigoroso, mas pode haver necessidade
da transformação daquelas em geral (seja por dificuldade técnica ou por complicações, como convulsões durante esses procedimentos). Por isso recomenda-se fazer também restrição da dieta oral pelo mesmo período de oito horas. Pacientes obesos, gestantes, portadores de hérnia hiatal, ou com grandes tumores intra-abdominais, têm maior risco de broncoaspiração e devem fazer jejum de 12 horas, além de ser indicado o uso de drogas capazes de reduzir o conteúdo gástrico (metoc1opramida) ou elevar seu pH (bloqueadores H2, antiácidos, citrato de sódio), na tentativa de impedir a broncoaspiração ou de diminuir seus efeitos deletérios sobre os pulmões. Intervenções, realizadas especificamente sobre o tubo digestivo (especialmente
cólon), irão necessitar previamentede dietas especiais(ver adiante). Medicamentos de uso habitual
·Alguns medicamentos devem ser suspensos – anticoagulantes orais: têm vida média prolongada e, por isso, devem ser substituídos por heparina, cerca de cinco dias antes. Esta, por sua vez, deve ser suspensa seis horas antes do procedimento cirúrgico e reiniciada 24-48 horas depois. Nas operações de urgência, deve-se
transfundir plasma fresco (15-20mI/kg), para garantir níveis adequados dos fatores da coagulação.
– anti-aderentes plaquetários: o ácido acetil salicílico (AAS) deve ser suspenso dez dias antes da intervenção.
– antiinflamatórios não-esteróides: alteram a função plaquetária e devem ser suspensos 24-48 horas antes da operação. – antidepressivos: em especial, os inibidores da monoaminoxidase (IMAO) devem ser retirados 3-5 dias antes do ato operatório. m PROGRAMADEAUTO-AVALIAÇÃOEMCIRURGIA – hipoglicemiantes orais: devem ser substituídos por insulina regular ou NPH na véspera do ato cirúrgico, para melhor controle da glicemia e evitar a hipoglicemia. Aqueles em uso de NPH devem receber apenas 1/3-1/2 da dose pela manhã da peração, seguida da infusão de soro glicosado a 5%.

– diuréticos inibi dores da reabsorção do potássio.
– Ganglioplégicos.
– Medicamentos que devem ser mantidos até o dia da operação
– betabloqueadores.
– anti-hipertensivos.
– cardiotônicos.
– broncodilatadores.
– corticóides.
– anticonvulsivantes.
– insulina.
– antialérgicos.
– potássio.
– medicação psiquiátrica.

Tricotomia
A depilação com lâmina está contra-indicada pelo maior risco de infecção da ferida operatória. A aparação dos pêlos, apenas na área da incisão, é o método preconizado. Quando, por questões de falta de infra-estrutura hospitalar, houver necessidade de tricotomia, esta deve ser realizada o mais próximo possível do momento da operação e, até mesmo, na sala cirúrgica.

Preparo da pele
Deve-se orientar o paciente para uma boa higiene e banho no dia anterior à intervenção, utilizando, se possível, soluções degermantes antissépticas, lavando, em especial, a região que será incisada. Já na sala é fundamental a realização de degermação com soluções antissépticas de polivinil-pirrolidona-iodo ou clorexidina. Em seguida, procede-se à antissepsia propriamente dita com soluções alcoólicas daqueles mesmos agentes.

Lavagens e/ou laxantes

A limpeza do cólon se faz necessária em operações sobre o próprio cólon, e em qualquer outra que tenha risco de manipulação e abertura desse orgão, como nos tumores pélvicos e do corpo gástrico. O esvaziamento do cólon também deve ser realizado em pacientes constipados (em especial nos idosos), pela possibilidade
de esses cursarem com fecaloma no pós-operatório, em conseqüência da paralisia intestinal fisiológica nesse período. O esvaziamento simples pode ser conseguido com cUster glicerinado ou enemas de fosfato de sódio, algumas horas antes. Nas intervenções sobre o cólon, é fundamental um bom preparo mecânico e antibioticoprofilaxia, para diminuir a população bacteriana na luz intestinal.