Diverticulite

Diverticulite é uma inflamação dos divertículos (bolsas) presentes no intestino grosso. Cerca de 95% dos divertículos encontram-se no cólon sigmoide(parte do intestino grosso). É mais frequente em obesos, sedentários, tabagistas e maiores de 50 anos. É 35 vezes mais comum em países ocidentais com dietas gordurosas e pobres em fibras, do que em regiões rurais com dieta rica em fibras e pobre em gordura animal.[1]

Causas

Camadas dos divertículo.
Os divertículos são saculações (“sacos” formados na parede) do intestino grosso no decorrer da vida, devido principalmente a pressão exercida pelo conteúdo intestinal contra esta parede. Quando há a obstrução de algum divertículo por fezes ou alimentos não digeridos, inicia-se um processo inflamatório no divertículo, que em seguida evolui para um processo infeccioso denominado diverticulite.[2]

Fatores de risco

Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver diverticulite[3]:

Envelhecimento: A incidência de diverticulite aumenta com a idade.
Obesidade: Ser sério excesso de peso aumenta suas chances de desenvolver diverticulite. A obesidade mórbida pode aumentar o risco de necessitar de tratamentos mais invasivos para a diverticulite.
Fumar: As pessoas que fumam cigarros são mais propensos que os não fumantes a experimentar diverticulite.
Falta de exercício: O exercício vigoroso parece reduzir o risco de diverticulite.
Dieta rica em gordura animal e pobre em fibras.
Certos medicamentos: Vários fármacos estão associados com um risco aumentado de diverticulite, incluindo esteroides, opiáceos e anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) como .

Sinais e sintomas

O quadro clínico se caracteriza por dor abdominal principalmente a nível de fossa ilíaca esquerda, alteração do hábito intestinal e febre. Nos quadros mais severos pode ocorrer a obstrução intestinal ou até mesmo a perfuração do divertículo.[2]

Complicações

Cerca de 25 por cento das pessoas com diverticulite aguda desenvolvem complicações como[4]:

Abscessos, quando pus se acumula nos divertículos;
Obstrução do cólon ou intestino delgado causada por cicatrizes (fibroses).
Perfuração dos divertículos conectando seções do intestino ou cólon ou bexiga (fístulas).
Peritonite, quando ocorre ruptura das “bolsas” infectadas ou inflamadas, derramando o conteúdo intestinal em sua cavidade abdominal. A peritonite é uma emergência médica e requer cuidados imediatos.
Uma complicação bastante frequente é a hemorragia intestinal provocada por um divertículo sangrante. A maioria resolve sem causar problemas (autolimitados), alguns requerem tratamento com vasopressores esplâncnicos e os mais severos podem ir à cirurgia. Recomenda-se localizar o ponto exato do sangramento antes de submeter o paciente ao procedimento cirúrgico. Isso pode ser feito por meio de arteriografia seletiva dos vasos mesentéricos ou por cintilografia com hemácias marcadas (mais sensível).[2]

Diagnóstico

Pacientes com sintomas podem ser diagnosticados com uma tomografia computadorizada (98% de sensibilidade) ou com colonoscopia, ultrassom ou raio X abdominal. A TC também é útil para verificar complicações.[5]

Tratamento

Os casos mais brandos podem ser tratados de forma clínica[6]:

Repouso com bolsa de água fria no local dolorido para diminuir a inflamação;
Tomar apenas líquidos por um ou dois dias, para dar tempo do intestino regenerar;
Antibióticos, quando há infecção bacteriana;
Analgésicos, como paracetamol;
Depois de melhorar, aumentar a quantidade de fibras e reduzir carnes gordas na dieta para evitar novos divertículos.

Cirurgia

Complicações como peritonite, abscesso ou fístula, podem requerer uma cirurgia geral (laparotomia), seja de forma imediata ou eletiva. Se a cirurgia será imediata ou eletiva depende do estágio da doença, a idade do paciente e sua condição médica geral, bem como a gravidade e freqüência dos sintomas após um primeiro episódio de abdômen agudo. Na maioria dos casos, a decisão de realizar cirurgia eletiva é tomada quando os riscos da cirurgia são menores do que os resultantes da complicações da condição. A cirurgia eletiva pode ser realizada até seis semanas após a recuperação da diverticulite aguda.[7]

A cirurgia de emergência é necessária em caso de ruptura intestinal, pois sempre resulta em infecção da cavidade abdominal (peritonite). [8] Durante a cirurgia de diverticulite de emergência, o divertículo rompido é removida e uma colostomia ou ileostomia é realizada. Isso significa que o cirurgião deixará uma abertura entre o intestino e o exterior, conectada a uma bolsa de coleta da matéria fecal. A colostomia é fechada em cerca de 10 ou 12 semanas em uma cirurgia subsequente em que as extremidades cortadas do intestino são juntas novamente.

A primeira abordagem cirúrgica consiste na ressecção e anastomose, ou seja, cortar uma parte do cólon e reconectá-lo. Este procedimento é chamado de colectomia parcial e é realizado em pacientes com um intestino bem vascularizado, não edematoso e sem tensão. As margens preservadas devem ser maleáveis, sem hipertrofia ou inflamação. Nem todo o cólon com divertículos deve ser removido, pois divertículos do cólon descendente ou do sigmoide não costumam causar complicações. Esse procedimento pode ser feito com incisão medial, transversa ou com laparoscopia minimamente invasiva.[9]

A doença ficou famosa no Brasil depois da versão oficial de que foi a causadora da internação hospitalar do presidente Tancredo Neves, em 1985[10] que viria a falecer na véspera da posse.